Este vai ser um post um pouco longo e para facilitar a leitura dos nossos leitores, procuramos dividi-lo em quatro partes com links para cada uma das partes.
Índice
1ª parte – Somente Deus pode passar instruções diretas, como quer o senhor Montalvão, ou Deus pode enviar anjos para executarem a sua vontade?
2ª parte – Salvação ou Reencarnação?
3ª parte – Os espíritos da bíblia comunicavam com o seu povo. Mas não pode ser, sempre soube que isso era coisa de espíritas.
4ª parte – Agora que sabemos que há comunicações de espíritos na bíblia, se você disser que isso é mediunidade os detratores do Espiritismo vão se contorcer.
Já temos dito aqui, e desmascarado também, sobre a farsa do blog Obraspsicografadas, que se revelou ser um blog católico, administrado por Vitor Moura, com o intuito de atacar o Espiritismo e fazer difamações sobre seus seguidores, estudiosos ou praticantes.
Continuaremos demonstrando as farsas daquele blog.
Somente Deus pode passar instruções diretas, como quer o senhor Montalvão, ou Deus pode enviar anjos para executarem a sua vontade?
No dia 02 de Junho eles disponibilizaram para download o livro Os Maus Espíritos na Bíblia, de autoria de Crawford Howell Toy e traduzido por Márcio Rodrigues Horta.
Qualquer leitor da bíblia deve estar acostumado com as passagens dos espíritos contidos neste livro, que relatam a existência tanto de bons quanto de maus espíritos. Até aqui nenhuma novidade ou controvérsia.
As controvérsias parecem querer começar quando os comentaristas do blog católico, que se dizem “conhecedores do Espiritismo”, dão suas opiniões. Vamos então analisar o seguinte comentário do senhor Moisés Montalvão.
“Numa sociedade teocrática (Deus responsável por tudo: ativo e atuante em meio à nação) não é de surpreender que Ele surja falando com seus escolhidos, passando-lhe instruções diretas e tudo o mais que só Deus pode fazer.”
Não sabemos ao certo o que o senhor Montalvão quis dizer com o “tudo o mais”, mas quanto ao fato de “passar instruções diretas” ele afirma que “só Deus pode fazer.” Parece que o senhor Montalvão ao querer dizer isso, queria tentar inviabilizar um dos postulados do Espiritismo que é a comunicação dos espíritos com os seres encarnados.
Mas o senhor Montalvão, que tenta demonstrar que é familiar com os textos bíblicos, deve ter se esquecido (talvez propositalmente) de algumas passagens bíblicas, como as de Lucas, onde é relatado o fato do anjo Gabriel que apareceu para Zacarias noticiando a gravidez de sua esposa Isabel, que era estéril, e que disse “Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado a falar-te e dar-te estas alegres novas (Lucas 1:19).” Assim como parece ter esquecido de que foi este mesmo anjo, também enviado por Deus, que deu o recado à Maria sobre a sua gravidez. “E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré (Lucas 1:26).”
Portanto, queremos dizer ao senhor Montalvão, que quer seja anjos ou espíritos, os que intercedem e intercederam nos relatos da bíblia e noutros relatos não bíblicos, estão em concordância com o que diz o Espiritismo. Conforme já foi explicado no livro Racionalismo Cristão, edição internet, página 42 e do qual transcrevemos uma parte.
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Salvação ou Reencarnação?
Agora analisaremos os comentários do tradutor do texto, Márcio Rodrigues Horta ou mrh, como ele mesmo gosta de abreviar.
“legal, Mont e Fat, há tb uma passagem interessante q me intrigou qdo li a bíblia de Jerusalém, ptto, com eruditos católicos na tradução e comentários. Determinado momento, Jesus vai expulsar demônios de uma pessoa, e o comentário ao texto diz q se acreditava q, antes do juízo final, enquanto aguardavam o juízo, espíritos de homens maus gozavam de relativa liberdade e atazanavam algumas pessoas vivas.”
No comentário acima, para querer dar um teor veracidade, de autenticidade, o comentarista enfatiza utilizando as palavras eruditos católicos, conforme destacamos. Portanto para ele e os demais, que naquele blog opinam, se são de eruditos católicos, não há nada que contestar.
Agora, este mesmo comentarista, para se contrapor ao Espiritismo, querendo diminuir quaisquer estudos sobre a espiritualidade, defendida pelos espiritas ou por reencarnacionistas, ele acusa com o comentário a seguir:
“Pensei, q interessante, embora Kardec tenha feito baixos estudos sobre o assunto, sua intuição básica, q havia um “espiritismo” de fundo na cultura judaica antiga parece ser pertinente. Junte-se tb a passagem citada por Toy, na qual o rei Saul consulta uma médium, em Endor, e veremos espíritos dos mortos falando com os vivos, assim como com Jesus (os espíritos “imundos” respondem a ele). ”
Para este tradutor, isso ficou claro em seu comentário acima e que destacamos, é “interessante” o fato de Kardec, seguindo sua “intuição básica”, ter se aproximado do que diziam os “eruditos católicos”, porém os estudos de Kardec, de acordo com mrh, eram “estudos baixos”.
Mas por que será que os estudos de Kardec eram baixos? Em que parte que Kardec divergiu dos tais “eruditos católicos”, defendido por mrh? A resposta vem logo em seguida.
“Kardec forçou a barra para enfiar reencarnação aí (daí os “baixos estudos” rs rs rs, mas q havia a concepção de espíritos e comunicação, parece correto).”
Mas será que Kardec “forçou a barra” mesmo? Ou teria ele chegado às mesmas conclusões milenares e de milhares de outros pensadores e pesquisadores, quer do oriente quer do ocidente, sobre a realidade da reencarnação?
Já explicamos aqui o porquê dos religiosos tanto temerem a reencarnação. Porque reencarnação e salvação são ideias conflitantes. Sem a salvação, cai por terra o conceito religioso de “pagar” pelos pecados. Ou seja, acabam as fontes de renda das instituições religiosas que sobrevivem da venda do perdão, que são vendidos aos seus incautos fiéis.
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Os espíritos da bíblia comunicavam com o seu povo. Mas não pode ser, sempre soube que isso era coisa de espíritas.
Como pode ir observando o leitor atento, um dos postulados do Espiritismo vai se evidenciando até mesmo entre alguns dos detratadores do Espiritismo, que é a comunicabilidade dos espíritos, quer via mediúnica, que por sonhos ou por quaisquer outros métodos. E os detratores do Espiritismo acabam por acreditar nesta comunicação entre encarnados e desencarnados, só porque está na bíblia, que é um livro sagrado para muitos deles.
Mas a comunicação com espíritos parece ser uma prática que incomoda os postulados católicos. E nos parece que o senhor Montalvão se deu conta do imbróglio que o seu companheiro, mrh, estaria se metendo se for considerar a prática de “consultar aos mortos”* como uma prática bastante comum, e que de fato era, entre os povos hebreus.
Agora passaremos a analisar algumas das orientações que o senhor Montalvão procurou dar ao seu colega comentarista.
Como a sobrevivência da alma, a imortalidade do espírito e a comunicabilidade dos espíritos desencarnados com os seres encarnados é um dos postulados do Espiritismo e isso cria muitos conflitos para os postulados católicos, o senhor Montalvão tratou logo de advertir mrh, seu colega, com os seguintes dizeres:
“essa é uma suposição que, creio, deve ser avaliada com cuidado.”
Mas o próprio Montalvão admite a prática de “consultar aos mortos” entre os hebreus.
“Que os hebreus eram influenciados pelas práticas religiosas de vizinhos, dentre as quais a consulta aos mortos era uma delas, não há dúvida.”
Essa prática de consulta estava entre os hebreus e também entre outros povos, continuando entre os primeiros cristãos e que continua até hoje, entre os católicos da atualidade, conforme também admite o próprio Montalvão.
“Mal comparando, podemos supor que seja como nos dias atuais, em que a religiosidade popular conjuga concepções religiosas de vários credos, às vezes antagônicas entre si (com um católico buscar junto a médiuns receber recados de parentes mortos)”
Aqui nos parece que o senhor Montalvão deixa transparecer, aquilo que é uma preocupação dos dirigentes católicos, que é a evasão de fieis, que fogem dos postulados católicos para irem ter-se com os postulados do Espiritismo.
Isso demonstra o porquê de certos detratores do Espiritismo demonstrarem ser tão hostis para com Chico Xavier, porque na historia recente ele foi um dos espiritas brasileiro que mais contribuiu para a evasão de católicos para o meio espirita.
E o senhor Montalvão demonstra a sua preocupação:
“mas isso não significa que a orientação oficial da agremiação religiosa admita esse “vale-tudo.”
Nisso concordamos com o senhor Montalvão, a orientação oficial da igreja católica, ou da “agremiação religiosa”, nos dizeres dele, não admite tal prática, ainda que essa “orientação oficial” contrarie a pratica dos povos hebreus, dos judeus e dos primeiros cristãos, ou cristãos primitivos, e cristãos atuais.
E para justificar o seu posicionamento, ou seja, para defender o posicionamento da igreja católica, o senhor Montalvão diz o seguinte: “Entre os judeus antigos vigia a regra de que só Deus podia responder aos apelos do povo (os sacerdotes se encarregavam das consultas)” e justifica trazendo o seguinte texto bíblico:
“Quando vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os feiticeiros, que chilreiam e murmuram, respondei: Acaso não consultará um povo a seu Deus? acaso a favor dos vivos consultará os mortos? (Isaías 8:19)”
Mas como já dissemos aqui anteriormente, Deus, Inteligencia Universal, só age indiretamente, através dos executores da sua vontade, que são os espíritos. Mas a comunicação dos espíritos pode ser uma comunicação de alto teor ou de baixo teor. Pode conter ensinamentos morais ou imorais. Podendo vir de espíritos mais adiantados ou mais atrasados.
Portanto, como está também claro na passagem que o senhor Montalvão trouxe, é a favor dos vivos que se deve consultar aos mortos e o que fugir desta regra, ou da lei, não é obra de um Deus bom e justo. Como está no versículo que segue:
“À lei e ao testemunho (ou mandamentos)! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles. (Isaías 8:20)”
Ou seja, independente da resposta ou da mensagem transmitida por espíritos, devemos passar tudo pelo crivo da razão. Se a mensagem não for para o bem geral da humanidade, então é porque “não há luz nelas”.
* Apenas uma nota de esclarecimento, ainda que o Espiritismo (o racional e cientifico) defenda a comunicabilidade dos espiritos com os encarnados, a prática de fazer consultas, perguntas sobre seus entes queridos, não é uma prática recomendada
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Agora que sabemos que há comunicações de espíritos na bíblia, se você disser que isso é mediunidade os detratores do Espiritismo vão se contorcer.
Analisaremos um outro comentário do senhor Montalvão.
“Há quem use o episódio para “demonstrar” que a mediunidade era comum dentre os judeus, mas essa interpretação é errônea.”
Para o leitor que não sabe, um judeu é membro étnico e religioso dos hebreus. Ou seja, um judeu é um hebreu. Note que nas palavras acima, o senhor Montalvão acaba se contradizendo, pois anteriormente ele havia dito “Que os hebreus eram influenciados pelas práticas religiosas de vizinhos, dentre as quais a consulta aos mortos era uma delas, não há dúvida.”
Antes não havia dúvida, mas pouco tempo depois a dúvida parece pairar sobre a mente deste detrator do Espiritismo. Continuemos pois analisando o comentário do senhor Montalvão que se segue.
“A leitura do relato mostra que Saul, mentalmente doente, vivia momento de grande perturbação emocional, uma vez que a nação estava na iminência de ser invadida pelos filisteus.”
Aqui, no intuito de querer invalidar que Saul pede para consultar uma médium (feiticeira, necromante, 1 Samuel 28:7), o comentarista Montalvão o classifica como “mentalmente doente”. Na verdade Saul estava sim apreensivo pela iminência da sua nação ser invadida pelos filisteus, mas de apreensivo, ou preocupado, para “mentalmente doente” tem um abismo de distância e quem está “mentalmente doente”, conforme quer o senhor Montalvão, não se disfarça, tentando enganar a médium para tirar algum proveito próprio, como ele fez (1 Samuel 28:8). Podemos dizer que ele tentou fazer-se de esperto, mas logo o seu disfarce foi por água abaixo, pois ele acabou sendo desmascarado pela médium, quando esta entrou em transe (1 Samuel 28:12).
Depois o senhor Montalvão tenta querer fazer-se a acreditar ou nos convencer de que Saul não consultou o espírito de Samuel, conforme está na bíblia, e compara este relato bíblico com as cartas psicografadas. Vejamos:
“De qualquer modo, o exame do relato deixa claro que Saul apenas acreditou ter feito contato com Samuel, semelhantemente aos que, nos dias atuais, acreditam que as cartas ditas psicografadas provenham de mortos.”
Mas como já temos alertado aqueles que por ventura nos leem, os detratores do espiritismo são capazes de tudo, inclusive em afirmar que a bíblia, livro que para muitos deles é considerado sagrado, é um livro cheio de falhas, mentiras e enganações, se o objetivo final for atacar ou mistificar os postulados do Espiritismo.
Talvez o senhor Montalvão não tenha compreendido adequadamente os relatos da bíblia quando Saul resolveu consultar o espirito de Samuel. Então para que tudo fique claro e não reste a menor dúvida, tanto o senhor Montalvão, quanto qualquer outro leitor, poderá consultar a parte da hermenêutica, interpretada por Dennis Downing, que trata justamente sobre este assunto e que deixaremos o link a seguir.
Saul se comunicou com o espírito de Samuel?
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